Conferências recentes na Europa, como “Heritage, Museums and Populism” (CHAPTER, Berlim, 7-9 de Outubro) ou  “Can we talk? Museums facing populism” (NEMO, Sibiu, 10-12 de Novembro) são um sinal claro de que os museus precisam de reconhecer os desafios que enfrentam no ambiente político em que operam, identificar e registar a forma como esses desafios se concretizam e estar preparados para os enfrentar. Os recentes incidentes envolvendo artistas e as artes performativas (divulgados através da European Theatre Convention) recordam-nos que os museus não estão sozinhos na sua luta.

Comunicado da NEMO “Museums under pressure” (20.11.2024)

Julia Leser é uma das investigadoras do projecto CHAPTER – Challenging Populist Truth-Making in Europe: The Role of Museums in a Digital ‘Post-Truth’ European Society. Vai partilhar connosco alguns dos resultados que dizem respeito a museus da Alemanha, Polónia e Reino Unido. Julia é também uma das fundadoras da Halt!ung Network, que tem como objectivo registar incidentes que comprometam a liberdade dos museus e dos profissionais de museus e apoiar estes profissionais.

Goranka Horjan tem acompanhado estes desenvolvimentos cíclicos como profissional de museus e, actualmente, como Presidente do INTERCOM – International Committee of Museum Management do ICOM. A INTERCOM e o CIMAM – International Committee for Museums and Collections of Modern Art lançaram o Museum Watch Governance Management Project, que acompanha as práticas relatadas em vários países europeus de crescente interferência política na gestão dos museus, reduzindo, assim, a autonomia dos museus nas decisões profissionais.

Jana Golombek partilhará connosco a experiência do LWL-Museum Zeche Zollern em Dortmund com ataques populistas/extrema-direita por ocasião do projecto expositivo “Das ist kolonial”, em 2023. O workshop de exposição anterior e o centro de exposições em torno da questão “O que o colonialismo tem a ver connosco?”. A presente exposição explora as ligações históricas da região ao colonialismo nas áreas do comércio, indústria, missão, investigação, vida quotidiana, cultura da memória, propaganda, resistência, etc., através de material histórico, objectos, biografias, entrevistas e intervenções artísticas, forma a mostrar as continuidades coloniais que ainda hoje nos afetam.

Bionotas

Goranka Horjan é directora do museu nacional Dvor Trakošćan (Croácia), com uma vasta experiência em projectos da União Europeia e com mais de 25 anos na gestão de museus como CEO de vários museus nacionais. Foi também Ministra Adjunta da Cultura da Croácia. É historiadora de arte com doutoramento em ciências da informação e comunicação. Como membro do ICOM desde 1997, desempenhou diversos cargos em diferentes comissões, sendo actualmente Presidente da INTERCOM. De 2012 a 2017, foi Presidente do Conselho de Administração do European Museum Forum, responsável pelo mais prestigiado programa de prémios de museus da Europa, incluindo o Prémio Museu Europeu do Ano e o Prémio Museu do Conselho da Europa. É também membro do ICOMOS e da Interpret Europe.

Jana Golombek trabalha como investigadora associada e curadora sénior no LWL-Museum Zeche Zollern em Dortmund. Foi curadora de exposições sobre a história cultural do Ruhr com foco na migração, nos impactos da desindustrialização e na história social dos trabalhadores. É coordenadora do projeto da actual exposição “Das ist kolonial”. É co-investigadora do projecto de investigação “A desindustrialização e a política do nosso tempo” (DéPOT). Anteriormente, foi investigadora no Instituto de Movimentos Sociais da Ruhr University Bochum e investigadora associada no Museu Alemão de Mineração.

Julia Leser é politóloga e trabalha na Humboldt-Universität zu Berlin como coordenadora do projecto de investigação ‘Challenging Populist Truth-Making in Europe: The Role of Museums in a Digital “Post-Truth” European Society’ (Fundação Volkswagen). É também co-fundadora e co-presidente da Netzwerk Halt!ung, uma rede na Alemanha que apoia museus e os seus funcionários expostos à hostilidade da extrema-direita e sensibiliza para os ataques anti-democráticos a museus e ao trabalho museológico.