8 de Abril de 2025, 14h-18h
Goethe-Institut, Lisboa
Gravações do evento
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Em Portugal, como noutros países, temos visto um aumento significativo nas tentativas de proibir livros, intimidar quem escreve, quem publica e quem lê. Em Julho de 2024, foi publicado um comunicado, hoje subscrito por mais de 3100 pessoas, que denunciava os ataques verbais, a invasão da privacidade de diferentes pessoas, a criação de um clima de medo e insegurança, o discurso de ódio.
Estes ataques diretos, no entanto, não são a única forma de proibir um livro. Bibliotecários e professores, pessoas que fazem escolhas, perante a violência de ataques, ameaças, insinuações, pressões, podem optar pela auto-censura ou censura silenciosa, de forma a evitar tensões. Sendo nós todas pessoas com opiniões e convicções, também é possível optarmos pelo cancelamento de autores e livros com cujos temas ou abordagens não concordamos.
Neste contexto, muito real, é preciso entendermos melhor como funciona a censura, a auto-censura e o cancelamento; o que significa liberdade de expressão; como podemos proteger-nos da violência; e como podemos garantir o respeito pela Constituição e pelos direitos humanos essenciais e, ainda, fortalecer a Democracia.
Este evento dirige-se a bibliotecários, professores, escritores, editores, pais e mães, alunos e alunas, e a qualquer pessoa com interesse nesta temática.
Co-organização: Acesso Cultura, BAD – Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas, Profissionais da Informação e Documentação, Goethe-Institut, Plano Nacional de Leitura
Programa
14h00 Abertura
14h15 Introdução: Censura, Autocensura, Cancelamento
André Barata, Filósofo e Professor Catedrático
Moderação: BAD
14h40 Na primeira pessoa
António Vale (AMPLOS – Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Género), Gabriela Bezerra (professora), Mariana Jones (escritora), Rute Teixeira (bibliotecária).
Moderação: Acesso Cultura | Margarida Ferra
15:30 Intervalo
16H00 E se fosse comigo? O que faço? Como posso proteger-me?
Os profissionais ligados ao livro (escritoras, bibliotecárias, professoras, editoras), mas também pais e mães, a sociedade em geral, acompanham a atualidade e os ataques (explícitos ou implícitos) à liberdade de escrever, de publicar, de ler. As tentativas de censura e a violência que trazem (física ou psicológica) criam preocupação e ansiedade, podem resultar em decisões de autocensura ou cancelamento. A quem tenha tido esta experiência e quem se questione: e se fosse comigo?
Nesta parte do encontro, iremos refletir em conjunto sobre quatro ou cinco casos, que podemos chamar fictícios, mas que têm como base a realidade. O que faríamos se fosse connosco? Teremos um painel de comentadores, especialistas em diferentes áreas, para nos ajudar a pensar sobre os nossos direitos e os direitos de outras pessoas.
Comentários: André Barata (filósofo e professor catedrático); António Alves da Cunha (Polícia Judiciária); Rui Cardoso Martins (escritor, jornalista, argumentista)
Moderação: Sofia Branco (jornalista)
Bionotas
André Barata é professor catedrático na Universidade da Beira Interior, onde dirige, presentemente, a Faculdade de Artes e Letras. No âmbito da investigação científica, coordena a Unidade de Investigação Praxis – Centro de Filosofia, Política e Cultura. Ainda preside à Sociedade Portuguesa de Filosofia. Os seus interesses académicos circulam pela filosofia social e política e pelo pensamento fenomenológico e existencial. Assina regularmente colunas no Jornal Económico e no Público. É autor de vários livros de ensaio e, mais recentemente, publicou na Documenta uma trilogia – E se parássemos de sobreviver – Pequeno livro para pensar e agir contra a ditadura do tempo (2018); O Desligamento do mundo e a questão do humano (2020) e Para viver em qualquer mundo – Nós, os lugares e as coisas (2022).
António Alves da Cunha ingressou na Polícia Judiciária em 1990. É coordenador de Investigação Criminal na Secção Central de Combate ao Terrorismo da Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária. Licenciado em Direito e pós graduado em Ciências Jurídicas e Direção de Segurança.
Rui Cardoso Martins (Portalegre,1967) é escritor, cronista, argumentista, dramaturgo. Licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa, foi repórter na fundação do Público em 1990. O primeiro romance “E Se Eu Gostasse Muito de Morrer” (D. Quixote, 2006) foi traduzido em espanhol, inglês, húngaro, russo e francês. “Deixem Passar o Homem Invisível” (2009) valeu-lhe o Grande Prémio de Romance da Associação Portuguesa de Escritores (APE). Lançou ainda “Se Fosse Fácil Era para os Outros” (2012), “O Osso da Borboleta” (2014) e “Levante-se o Réu” (2015), recolha de crónicas de tribunal editadas durante anos no jornal Público, com as quais ganhou dois prémios Gazeta de Jornalismo e o Grande Prémio Crónica da APE (2017). É autor ou co-autor de argumentos e guiões de longas-metragens como “A Herdade”, de Tiago Guedes, candidato ao Leão de Ouro de Veneza 2019, de “Mal Viver/Viver mal/Hotel do Rio”, de João Canijo, Urso de Prata em Berlim 2023, de “Sombras Brancas” (com Fernando Vendrell), de “Câmara Lenta” (última obra do mestre Fernando Lopes), “Duas Mulheres” ou “Zona J”. Cardoso Martins é co-autor (com Edgar Medina e Guilherme Mendonça) das séries “Sul”, “Causa Própria” e “Matilha”. Co-criador dos programas de humor “Contra-Informação”, “Herman Enciclopédia”, “Estado de Graça”, “Conversa da Treta”. Em 2017, recebeu a Bolsa de Residência Literária Camões Berlim, durante a qual escreveu a peça dramática “Última Hora”, estreada no TNDM II e editada pela Tinta-da-china. É um dos autores da peça “A Sorte Que Tivemos”, com que o Teatro de Almada comemorou os 50 anos do 25 de Abril e o responsável, em 2024, do curso “O Sentido dos Mestres”, do Festival Internacional de Teatro de Almada. Tem contos em revistas nacionais e internacionais. É professor universitário de Crónica (FCSH) e de argumento de Cinema e Televisão (Lusófona). Editou em 2024 o seu quinto romance, “As Melhoras da Morte”.
Sofia Branco é actualmente presidente da Associação de Literacia Para os Media e Jornalismo e jornalista na agência Lusa. É autora dos livros “Cicatrizes de Mulher” e “As Mulheres e a Guerra Colonial”. Está a fazer doutoramento em Sociologia, com uma tese na área dos Estudos sobre as Mulheres.
Fotografias
Mário Libório © Goethe-Institut Portugal























