SEMINÁRIO
Descolonizar os museus: isto na prática…?
As políticas do Tropenmuseum (Amsterdão) e uma reflexão sobre o caso português
com Wayne Modest e convidados
22 Março de 2019
Sexta, 10h-13h e 14h30-16h30
Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (Auditório A. Sedas Nunes)

Parte 1 – Comunicação de Wayne Modest
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Parte 2 – Debate com Wayne Modest
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Parte 3 – Debate sobre o caso português
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A proposta da criação do Museu das Descobertas pela Câmara Municipal de Lisboa trouxe também a Portugal o debate sobre a descolonização dos museus, que tem estado na ordem do dia em vários países do mundo, muito especialmente em países que no passado tiveram colónias e/ou com uma forte ligação à escravatura. O debate em Portugal foi aceso, o que pode ser considerado um bom sinal. Raramente os museus e o seu papel na sociedade são discutidos publicamente e de forma tão intensa. Entretanto, em Novembro 2018, com o relatório Sarr-Savoy encomendado pelo Presidente francês Emmanuel Macron, a questão da restituição de objectos, ilegalmente retirados dos seus territórios de origem durante o período colonial, trouxe mais pressão sobre os museus em relação às suas práticas.

A Acesso Cultura gostaria de dar seguimento à reflexão que se iniciou no ano passado. Para isso, convidámos Wayne Modest, sub-director do Tropenmuseum, uma referência, neste momento, no que diz respeito às práticas de descolonização. Entre outras coisas, queremos saber:

  • O que significa descolonizar um museu?
  • Qual o contexto e as razões porque o Tropenmuseum decidiu adoptar uma estratégia de descolonização?
  • Como foi construída esta estratégia? Quem esteve envolvido?
  • Como é que começou a ser posta em prática?
  • Quais os resultados até agora?
  • Quais as reacções da equipa do museu, dos profissionais em geral, dos visitantes do museu e da sociedade em geral?
  • Quais os pontos fortes e fracos desta prática até agora? O que é que o museu tem aprendido?

A seguir ao almoço, reflectiremos sobre o caso português, com Wayne Modest e os seguintes convidados:

  • Catarina Simão
  • Isabel Raposo Magalhães
  • Joacine Katar Moreira
  • Judite Primo
  • Luís Raposo
  • Manuel Santos
  • Paulo Costa

Haverá tradução simultânea português – inglês.

Sugestões de leitura

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NOTAS BIOGRÁFICAS

Wayne Modest é sub-director do Tropenmuseum e chefia o Centro de Pesquisa de Cultura Material. No passado, trabalhou no Horniman Museum em Londres e foi Director dos Museus de História e Etnografia em Kingston, Jamaica. Professor de Cultura Material e Estudos da Herança Crítica na Faculdade de Humanidades da Vrije Universiteit (Holanda), foi ainda professor convidado no Yale Centre for British Art e na School for Museums Studies, New York University. O trabalho de Wayne Modest é motivado pela preocupação com formas historicamente mais contingentes de compreender o presente, especialmente em relação à cultura material / colecções de museus. Os seus interesses de pesquisa incluem questões de pertença e deslocação; mobilidades materiais; práticas de colecção e exposição de objectos etnográficos; património difícil / contestado (com foco especial na escravatura, colonialismo e pós-colonialismo); pensamento caribenho. Mais recentemente, tem pesquisado e publicado sobre herança e cidadania na Europa, com atenção especial para a vida urbana, museus etnográficos e reparações.

Catarina Simão é artista, vive entre Lisboa e Maputo. É a partir de Moçambique que põe em prática uma pesquisa continuada sobre o arquivo da Luta Armada de Libertação e da memória transicional. Os seus filmes, ensaios e instalações recorrem à reapropriação da fotografia e de filmes dos arquivos moçambicanos, criando peças como These Are the Weapons (2012), Mueda 79 (2013) e Effects of Wording (2014). Desde 2009 que o seu trabalho é apresentado internacionalmente em Museus e Bienais de Arte, contribuindo igualmente com conteúdos específicos para festivais, conferências e instituições ligadas ao cinema e à história, tanto na Europa como em Moçambique. Actualmente desenvolve um novo projecto a convite da Universidade Pedagógica (Nampula) que aborda historicamente e criticamente a custódia de objectos e de arquivos de representação de Arte Makonde em museus europeus.

Isabel Raposo Magalhães trabalha há 40 anos nos institutos públicos responsáveis pela conservação e valorização do Património Cultural. É licenciada em História, com pós-graduação em Arte, Património e Restauro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Durante o seu percurso foi responsável pela Escola Superior de Conservação e Restauro, Chefe da Divisão de Preservação e Conservação do IAN/Torre do Tombo, subdirectora do Instituto dos Museus e da Conservação; internacionalmente, vice-presidente do Conselho do ICCROM – International Centre for the Study of the Preservation and Restoration of Cultural Property e da direcção internacional do Comité da Conservação do ICOM – International Council of Museums (ICOM-CC). Tem organizado e participado em diversos encontros/conferências internacionais e publicado artigos nas suas áreas de interesse: formação, prevenção e gestão de riscos. Neste momento é técnica do Museu Nacional dos Coches e membro do Conselho do ICCROM (2017/21).

Joacine Katar Moreira nasceu na Guiné-Bissau, é feminista e activista negra. É Doutora em Estudos Africanos, cuja tese tem como título “A cultura di matchundadi (masculinidade/virilidade) na Guiné-Bissau: Género, Violências e Instabilidade Política”. Investigadora do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE, possui uma licenciatura em História Moderna e Contemporânea – vertente de Gestão e Animação de Bens Culturais e um mestrado em Estudos do Desenvolvimento. A sua perspectiva é interdisciplinar, trabalhando em simultâneo sobre questões de Género, das violências e da ciência política, História, Estudos Africanos e questões do Desenvolvimento em geral. Possui vários artigos publicados e tem participado activamente no debate público sobre o racismo, o colonialismo e a Escravatura em Portugal. É presidente e fundadora do INMUNE – Instituto da Mulher Negra em Portugal, uma entidade que luta contra a invisibilização e o silenciamento de mulheres, jovens e meninas negras na História e no tempo presente.

Judite Primo é Doutora em Educação, Mestre e Licenciada em Museologia. Titular da Cátedra UNESCO “Educação, Cidadania e Diversidade Cultural”. Investigadora Principal da FCT (CEEC 2017). Diretora dos Programas Pós-graduados em Museologia da ULHT 3º e 2º ciclo. Investigadora do Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento. Directora da Revista Cadernos de Sociomuseologia. Membro do Conselho de Redacção da Revista Lusófona de Educação. Membro do Conselho Científico da Revista Aluá – Revista de Cultura e Extensão. Actua no domínio científico da Sociomuseologia, dedicando especial atenção ao aprofundamento das relações culturais e científicas entre Portugal e Brasil, participando em várias redes nos campos da Museologia socialmente enraizada e das políticas públicas para a cultura.

Luís Raposo é Arqueólogo, especialista em Pré-História Antiga (Paleolítico). Trabalha no Museu Nacional de Arqueologia desde 1980, tendo sido seu Director entre 1996 e 2012. Responsável do Sector de Investigação desde 2012. Foi Presidente da Direcção da Comissão Nacional Portuguesa do ICOM entre 2009 e 2014. É Presidente do Conselho Fiscal da Associação dos Arqueólogos Portugueses desde Março de 2012 e Vice-Presidente da Direcção desde 2015. Presidente do ICOM Europa desde 2016 e Vice-Presidente entre 2013 e 2016. Membro do Comité de Avaliação do Plano Estratégico e do Grupo de Trabalho sobre Estatutos e Governança do ICOM Internacional. Membro do Comité Permanente do Projecto EU-LAC Museums. Membro do Comité de Partes Interessadas (“stakeholders”) do Ano Europeu do Património Cultural. Foi Professor convidado da Universidade de Lisboa (Faculdade de Letras) entre 2005 e 2014.

Manuel Santos é Sociólogo (ISCTE-IUL) e Historiador (CUB-ISCED). Membro fundador da Plataforma de Reflexão Angola ANGOLREFLEX – Associação Cívica e ainda membro da Direcção da Associação Integrar Diligente. Investigador independente e activista cívico, tem particular interesse nas questões de mobilidade social, cultura, relações interculturais, entre outros. É comentador permanente da RDPÁfrica.

Paulo Ferreira da Costa é antropólogo e, desde 2015, Director do Museu Nacional de Etnologia / Museu de Arte Popular, tendo trabalhado previamente no Museu Nacional de Etnologia, entre 1993 e 2001. Na Direcção-Geral do Património Cultural desempenhou funções de Técnico Superior para a área do património imaterial (2014-2015) e de Chefe da Divisão do Património Imóvel, Móvel e Imaterial (2012-2014). Foi Director do Departamento de Património Imaterial do Instituto dos Museus e da Conservação (2007-2012) e Director de Serviços de Inventário do Instituto Português de Museus (2002-2007).