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17 de Junho, 14h30-18h00

Biblioteca de Alcântara – José Dias Coelho, Lisboa
Entrada gratuita (com inscrição para as oficinas)

Porque é que se valoriza mais uma escola que está no topo do ranking do que aquela que ajuda mais alunos carenciados a completarem os seus estudos? Porque é que se considera que é mais importante alguém ser CEO de uma grande empresa ou líder de um partido político do que ser activista de bairro, ajudando a melhorar diariamente a vida de quem lá vive? Porque é que é mais importante a fama pessoal do que o bem-estar de uma comunidade inteira? Porque é que mais facilmente vemos mulheres representadas de uma certa forma e apenas homens a ocuparem determinadas funções?

Em Dezembro passado, a Common Cause Foundation organizou, em Londres, um encontro sobre “Valores nos media”. Lendo o resumo, consideramos que este tema é relevante em qualquer país e é urgente ser discutido. Como é que os media tratam os valores culturais em Portugal e a sociedade que somos?

Na nossa vida – privada, pública e colectiva –, a forma como pensamos e agimos é moldada por valores, por aquilo que consideramos ser importante. Existem valores extrínsecos, que dependem da aprovação externa – por exemplo, a riqueza, o poder ou a imagem pública. E existem valores intrínsecos, inerentemente mais gratificantes – por exemplo, a comunidade, o amor, a amizade ou a criatividade.

Os valores são herdados ou ensinados no seio da família, mas também influenciados pela experiência da vida em sociedade. Neste sentido, os media são uma das principais fontes e ferramentas de reprodução e disseminação de valores na cultura dominante. Como é que a comunicação social molda o que a sociedade considera importante?

Público-alvo: profissionais da cultura, artistas, jornalistas, professores, bibliotecários

Programa

14h30
Abertura

14h40-15h
Apresentação dos principais resultados do estudo “Who makes the news?” (realizado por The Global Media Monitoring Project), Sofia Branco

15h-16h30
Conversa com Alice Azevedo, Luís Ricardo Duarte, Magda Henriques, Paula Cardoso e o público presente
Moderação: Isabel Nery (APLMJ) e Margarida Ferra (Acesso Cultura)

Intervalo

16h45-18h
Como os media moldam valores culturais?
(duas oficinas simultâneas e separadas; obrigatória a inscrição prévia)

  • A partir do som, com Sandy Gageiro (jornalista na Antena 1/RDP)

    De que forma pode o som, aquilo que ouvimos, moldar os nossos valores e a forma como nos relacionamos com o mundo? A sonoridade (ruídos, ambientes, postais sonoros) que assimilamos da rádio, por exemplo, influencia o nosso pensamento ou as decisões que vamos tomar? Deixamos um convite para uma oficina com muito espaço para partilhar estas e outras ideias.

    O que vamos fazer?
    – ouvir excertos de notícias, reportagens, criações sonoras;
    – trocar impressões sobre a sessão de escuta;
    – experimentar o gravador com a nossa voz ou com sons captados no espaço;
    – escuta coletiva da gravação.

    Objetivo é despertar para outras formas de captar o mundo.

  • A partir da imagem, com Enric Vives-Rubio (fotojornalista)

    A partir de uma proposta de imagens, num princípio desorganizadas, criaremos duas listas (passado/presente) onde analisaremos como a fotografia foi mudando nos últimos anos, não tanto em termos estéticos, senão assinalando aspectos de forma. A proposta é que os participantes analisem se a fotografia acompanhou, ou não, as mudanças que a própria sociedade portuguesa e, porque não, mundial, mudou em questões de valores e maneiras de ver o mundo. Em base a este exercício, os participantes serão interpelados a pensar sobre temas como racismo, colonialismo e pós-colonialismo, assim como questões ambientais e até de gênero e de feminismos. Animando-os a refletir sobre o papel do jornalismo, tanto na produção como no consumo, e como esse mudou nas últimas décadas. Esse exercício permitirá aos participantes saírem da oficina com mais umas ferramentas para refletir sobre o papel do jornalismo na criação de crítica social e perceber como o mesmo jornalismo vai acompanhando a mudança de valores da nossa sociedade.

Bionotas

Alice Azevedo é licenciada em Estudos Artísticos – Artes do Espectáculo pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Frequenta atualmente o Mestrado em Estética e Estudos Artísticos da NOVA FCSH. Em 2022, criou Literatura de Sodoma e de Safo, se faz favor, leituras encenadas apresentadas no festival 5L. Criou a Declaração do Dia Mundial do Teatro para o São Luiz Teatro Municipal em 2021. Cocriou no mesmo ano com Lila Tiago NŌS SUNT – Uma Exibição, para o Festival Interferências, bem como em 2020 Tágides Exemplares para o TBA. Enquanto atriz, foi em 2021 a Papisa Joana na peça Top Girls, no Teatro Nacional D. Maria II. Integrou as produções da companhia Sai de Cena entre 2015 e 2018. É criadora de Literatura de Sodoma e de Safo, se faz favor (2022, Festival 5L), Nau Nau Maria (2023, co-produção TNDMII), Se não és Lésbica, como é que te chamas? (1014, no TBA). 

Enric Vives-Rubio é fotojornalista. Nasceu em Barcelona, em 1981, e vive em Lisboa desde 2004. Estudou fotografia no Institut d’Estudis Fotogràfics de Catalunya (IEFC) e fez uma pós- graduação em Fotojornalismo na Universitat Autònoma de Barcelona (UAB). Em 2004, quando chegou a Lisboa, estagiou n’O Independente e em 2005 começou a sua etapa profissional no jornal Público, onde trabalhou durante 12 anos (2005-2017). Atualmente é fotojornalista freelancer, colabora com várias publicações, agências e projetos culturais, para além de desenvolver trabalho autoral de cariz documental. Ao longo da sua carreira o seu trabalho foi reconhecido por vários prémios, entre os quais se destacam: finalista do Prémio Internacional de Fotografia Humanitária Luís Valtueña (2006); menção honrosa no Prémio Visão (2008); primeiro prémio na categoria Notícias do Estação-Imagem (2011) ou Prémio Gazeta de Fotografia (2017), o prémio mais importante do jornalismo em Portugal. Em 2022 edita o seu primeiro livro de fotografia, Confins.

Isabel Nery é jornalista premiada, escritora e investigadora publicada pela Springer-Nature (Our Brain and the News, 2024). Doutorada em Ciências da Comunicação, é research chair da International Association for Literary Journalism Studies (IALJS) e fundadora e atualmente vice-presidente da Associação Literacia para os Media e Jornalismo (ALPMJ), parceira de vários projetos financiados pela União Europeia (Iberifier e MeLiSe). Enquanto escritora, publicou a biografia de Sophia de Mello Breyner Andresen (4.ª ed.), sendo autora de várias outras obras de não-ficção, como: Cerco ao Parlamento, Os 5 Homens Que Mudaram Portugal Para Sempre e As Prisioneiras. Dois dos seus livros foram adaptados para curtas-metragens. Foi vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas.

Luís Ricardo Duarte é jornalista no Jornal de Letras, Artes e Ideias desde 2003. Nasceu em Lisboa, em 1977, e cresceu em Setúbal. Licenciou-se em História da Arte na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo aí dirigido o jornal Os Fazedores de Letras. Fez formação complementar em Literatura, ainda na FLUL e na Universidade de Coimbra, e em Jornalismo, no Cenjor. Tem desenvolvido trabalho em torno da promoção do livro e da leitura em livrarias e escolas. É autor do podcast Verdes Anos, sobre primeiros livros de escritores, e do álbum O Mundo Fantástico da Arte através dos Tempos. Lê para escrever e escreve para ler.

Magda Henriques é licenciada em História, variante de Arte. Desenvolveu trabalho em diferentes estruturas e geografias do país (Serralves, Gulbenkian, Teatro Municipal do Porto, Oficina, Culturgest, Quarta Parede, CENTA, Festival Escrita na Paisagem…). Criou, programou e coordenou os Serviços de Exposições e Educativo de A Moagem, no Fundão. Foi responsável pelo Programa de Atividades Educativas, “Derivas Artísticas”, da Associação Circular, em Vila do Conde. Coordenou e programou o Projeto Educativo do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra e da Bienal Ano Zero. Foi responsável pela direção artística das Comédias do Minho. É professora de História das Artes na Academia Contemporânea do Espetáculo. Está responsável, com Alastair Luke, pela direção artística de Carreiros para Futuros Ancestrais.

Margarida Ferra licenciou-se em Ciências da Comunicação na variante de Comunicação e Cultura, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Frequentou aí o Mestrado em Museologia, focando-se na relação entre museus, pessoas e literatura. Trabalhou num jornal, numa galeria de arte contemporânea, em livrarias e editoras. Publicou dois livros de poesia e dois livros para crianças e jovens. Saber perder (Companhia das Letras, 2025), o seu livro mais recente, é uma narrativa não-ficcional. Foi responsável pela comunicação em museus como a Casa Fernando Pessoa e o Museu da Marioneta. Agora, trabalha na Quinta Alegre – Um Teatro em Cada Bairro, projeto municipal de programação cultural de proximidade, em Santa Clara, Lisboa. Aqui cuida da comunicação e acompanha e participa em projetos de mediação. É associada da Acesso Cultura.

Paula Cardoso é fundadora da comunidade digital Afrolink, é também autora da série de livros infantis Força Africana, projetos desenvolvidos para promover uma maior representatividade negra. Com o mesmo propósito cocriou O Tal Podcast, apresenta o programa de televisão Rumos e é cronista da revista Brasil Já, a que junta um espaço de opinião no Gerador. Integra ainda o Fórum dos Cidadãos, que contribui para revigorar a democracia portuguesa, e é Embaixadora do European Climate Pact, compromisso de combate às alterações climáticas. Natural de Moçambique, licenciou-se em Relações Internacionais e trabalhou como jornalista durante cerca de 20 anos, percurso iniciado na revista Visão. Em 2023 foi apontada pela revista de negócios Success Pitchers como uma das “10 Mulheres Líderes Mais Inspiradoras do Empreendedorismo Social”.

Sandy Gageiro é jornalista nas redações da Antena 1 e Antena 2 desde 2003 e responsável pela rubrica Lilliput (sobre livros infantis). Começou na rádio escolar, depois pirata e universitária RUC – Rádio Universidade de Coimbra, que foi uma escola. Passou pela Rádio Paris-Lisboa, foi jornalista em órgãos locais, integrou as equipas da Rádio Expo, TSF e TSFOnline. Colaborou no programa Câmara Clara, da RTP 2. Integra a equipa da Poesia.fm e dos Especificalistas – projeto de mediação cultural.

Sofia Branco é atualmente presidente da Associação de Literacia Para os Media e Jornalismo (ALPMJ) e jornalista na agência Lusa. Licenciada em Jornalismo e mestre em Direitos Humanos e Democratização, encontra-se a fazer doutoramento em Sociologia, no programa interuniversitário OpenSoc. Autora dos livros Cicatrizes de Mulher (Público, 2006) e As Mulheres e a Guerra Colonial (A Esfera dos Livros, 2015) e com artigos numa série de outras publicações, é professora convidada no Iscte – Instituto Universitário de Lisboa e formadora regular pelo Cenjor – Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas. Foi presidente da Direção do Sindicato dos Jornalistas entre janeiro de 2015 e maio de 2021.

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