Regressar à Semana Acesso Cultura 2024

18 de Junho de 2024, 18h30
Lisboa, Biblioteca de Alcântara
Entrada livre
Gravação da sessão
Fotos

No que diz respeito à censura de livros e à sua proibição em bibliotecas públicas ou escolares, o caso norte-americano seja o mais conhecido e um dos mais severos. Em 2023, o número de títulos que estiveram sob ataque chegou a 4.200, mais 65% do que em 2022, e a maioria relacionada com temas LGBT+ ou pessoas de cor (ler aqui). Vistos como inimigos nesta batalha, os bibliotecários podem pagar multas ou enfrentar processos disciplinares se se recusarem a tirar o livro, conforme exigido por um cidadão. Por isso, estão também a organizar a sua resistência (ler aqui).

No entanto, o fenómeno não se limita aos EUA. Na Austrália ou na Irlanda, tem havido situações parecidas. A Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários Cientistas de Informação e Instituições criou a campanha Bibliotecas que não se calam – Aqui a censura não tem vez, para tornar esta situação mais visível para a sociedade em geral. Em Portugal, o lançamento do livro de Lúcia Vicente “No Meu Bairro” foi interrompido por manifestantes, porque optou pela linguagem inclusiva. E, ainda, a notícia do lançamento do livro de Ana Markl e ilustração de Alexandra Saldanha “Para que serve esta mánica?”, reunia mais de 200 comentários, muitos deles de ódio, mesmo antes do livro ser apresentado (ver os comentários no Facebook). Há poucos dias, uma figura agora conhecida das autoridades violentou e ameaçou a escritora Mariana Jones na Feira do Livro de Lisboa, o culminar de um longo período de ameaças e perseguições.

Porquê os livros? Porquê a nossa liberdade de ler? Porquê certos temas? O que faz uma pessoa exigir a proibição de um livro que nunca leu? De que modo se manifestam estas tentativas de proibir livros? Que medos existem?

Ler ainda:
Declaração sobre Liberdade de Expressão e as Liberdades de Publicação e Leitura

Pessoas convidadas

André Tecedeiro, poeta e consultor e formador em diversidade de género
Conceição Tavares de Almeida, psicóloga
Lúcia Vicente, escritora
Pedro Sobral, presidente da APEL – Associação Portuguesa de Editores e Livreiros
Sérgio Mangas
, bibliotecário

Moderação: Filipa Barros, Biblioteca de Belém

Co-organização

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Apoio

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Bionotas

André Tecedeiro é licenciado e mestre em Pintura (FBAUL; UL) e em Psicologia (FPUL). Publicou oito livros de poesia em Portugal, Brasil, Colômbia e Espanha, entre os quais A Axila de Egon Schiele (Porto Editora, 2020), recomendado pelo Plano Nacional de Leitura. Poeta convidado na Feira do Livro de Buenos Aires 2024; FilBo22|Bogotá, Festival Barcelona Poesia; Festival Futuros da Liberdade; Festival Voix Vives; Arquipélago de Escritores; Clube dos Poetas Vivos; ciclo DA VOZ HUMANA; MAP. É consultor e formador em linguagem inclusiva, inclusão e diversidade de género e foi orador em dezenas de debates, conversas e conferências, partilhando a sua experiência como pessoa trans pela visibilidade e direitos das pessoas LGBTQIA+.

Conceição Tavares de Almeida é Membro da Ordem dos Psicólogos Portugueses, especialista em Psicologia Clínica e da Saúde, especialidade avançada Psicoterapia. Assessora do Programa Nacional para a Saúde Mental (PNSM) da DGS, nas áreas de Promoção e Prevenção, Infância e Adolescência (2012-2021). Experiência anterior em Toxicodependências, Crianças em Risco e Cuidados de Saúde Primários. Psicanalista de adultos, crianças e adolescentes. Presidente da Direcção da Sociedade Portuguesa de Psicanálise (2024-2028). Membro Titular Didata Representante Europeu na Direcção da International Psychoanalytic Association para o biénio (2021-2023). Membro da Comissão de Ensino. Coordenadora da secção portuguesa da Association Européenne de Psychopathologie de l’Enfant et de l’Adolescent (AEPEA). Supervisora na Associação Mulheres Contra a Violência (AMCV).

Filipa Barros é licenciada em psicologia clínica. Estudou cinema documentário em Madrid com uma bolsa Ibermedia e em Paris com a uma bolsa do programa Media. Coordenou projectos educativos na Associação Belgais, Teatro Nacional de São Carlos e Biblioteca Nacional de Espanha. Após um mestrado em biblioteconomia, no qual investigou a interoperabilidade de bases de dados de autores/as, foi consultora do centro de documentação do Teatro Nacional D. Maria II e dirigiu a Biblioteca do Cinema Europa. Actualmente, coordena a Biblioteca de Belém, é membro do grupo Lighthouse Libraries (Public Libraries 2030) e co-autora do “Rough Guide for Civic Engagement in Public Libraries” (Joint Research Centre da Comissão Europeia). Um dos últimos livros que leu foi “Lectura Fácil” de Cristina Morales, que muito recomenda.

Lúcia Vicente nasceu em Faro, numa família cheia de mulheres. Foi a primeira desse núcleo a concluir uma licenciatura. Cedo se questionou sobre o papel da mulher na sociedade e por que razão os livros de História nunca mencionavam mulheres. Em 1995, criou, juntamente com um grupo de amigos, o colectivo feminista MUPI (Mulheres Unidas Pela Igualdade), e dedicou-se ao activismo feminista em adolescente. Em 1997, fugiu rumo a Lisboa, onde se licenciou em História e História Cultural e das Mentalidades na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Em 2007, ingressou no mestrado de Estudos de Género da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, que nunca terminou por diferenças ideológicas e de pensamentos históricos inultrapassáveis: teimava em olhar a História das Mulheres através dos olhos das mulheres e não pela lente dos Homens. Hoje, vive num monte alentejano com o seu companheiro, filha e os seus dois cães. Já teve milhões de ofícios. Os seus favoritos são ser escritora-poeta e dedicar-se à educação para os feminismos. Em 2018 publicou o seu primeiro livro para crianças, Portuguesas com M grande – os livros de princesas sempre lhe provocaram urticária. A aguardar a publicação do primeiro livro de poesia, Do dia que passa e além mar, em 2023, publicou No meu bairro, o seu último livro para o público infanto-juvenil, sobre diversidades e inclusão. A sua frase preferida é: Morra o patriarcado, morra! Pim!

Pedro Sobral é licenciado em Economia e em Ciência Política, pela Universidade Católica de Lisboa e frequentou o Programa de Gestão Geral na Harvard Business School. Com um percurso inicial na área financeira e de consultoria, foi nomeado, em 2004, Diretor de Marketing e Vendas no Grupo Almedina. Em 2008, entrou no Grupo LEYA, primeiro como Diretor de Marketing e Conteúdo Digital, depois como Coordenador da Divisão Editorial e, por fim, como Diretor Geral de Edições no Grupo LEYA. Após 3 anos no cargo de vice-presidente da APEL, em 2021, Pedro Sobral foi nomeado presidente da APEL.

Sérgio Mangas licenciou-se em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Tem o Curso de Especialização em Ciências Documentais (Opção Biblioteca/Documentação) pela Universidade Autónoma de Lisboa. Possui mestrado em Informação, Comunicação e Novos Media, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, com a dissertação “Os limites da tolerância: censura, liberdade intelectual e selecção de documentos nas bibliotecas públicas municipais portuguesas”. Realizou cursos e estágios profissionais na área das bibliotecas públicas em Espanha, Colômbia, França e Chile. Começou a trabalhar em bibliotecas em 1999, na já extinta Biblioteca da Assembleia Distrital de Lisboa. Em 2004 tornou-se bibliotecário. Em 2005 assumiu a gestão da Biblioteca Municipal de Figueiró dos Vinhos. Em 2014 começou a trabalhar na Rede de Bibliotecas de Lisboa até 2022, ano em que iniciou funções como Chefe da Divisão de Bibliotecas e Arquivo do Município de Vila Franca de Xira, onde se encontra actualmente.

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